Cresci numa aldeola semi à beira mar, onde pude passar a minha infância na rua e aprender a nadar aos 3 anos na praia.
Hoje em dia os mais cépticos dizem que infâncias dessas já não são possíveis de ter, que "fomos" os últimos numa sociedade ocidentalizada (claro está) a ter o privilégio de o fazer.
Será que tenho motivos para discordar?
Já é o segundo grupo que me bate à porta e diz "doce ou travessura?". Acho brutal que os miudos se juntem em grupos e tenham iniciativas destas, muito embora no meu tempo não houvessem cá halloweens. Não era preciso um pretexto para se vir para a rua. Lembro-me de noites quentes de verão passadas ao pé da igreja, de histórias de terror contadas uns aos outros para nos assustarmos, de travessuras, de corridas, de jogos, de sorissos e alegria. Lembro-me de chegar a casa e abrir a porta pelo postigo, e entrar já tarde e não ter pais preocupados há minha espera.
Há certas coisas que com o passar do tempo se vão perdendo. Uma infância com tanta inocência claramente é uma delas. Mas não só.
É incrível como cada vez que volto às origens, numa média de 2 em 2 meses, vejo a quantidade de betão que ganhou forma. É assustador diria, especialmente porque muito desse betão jaz junto à minha praia.
Em tempos via-me a viver aqui. Hoje já não e infelizmente cada vez menos, pois a poesia da minha terra cada vez se desvanece mais.
Se pensassemos todos mais colectivamente existiria certamente mais poesia por este mundo. O que nos leva a questão:
Será que a "collective action" poderia tornar este mundo mais poético? A Violeta, a Elinor Ostrom e eu dizemos que sim.
e tu?
sábado, 31 de outubro de 2009
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ahahahaah... estava a ler e ia comentar que tinhas andado a ler "uns" textos, depois cheguei ao fim e parti-me a rir. Não sei se é possível, mas com betão, betão e betão é pelo menos complicado.
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