sábado, 31 de outubro de 2009

Doce ou travessura?

Cresci numa aldeola semi à beira mar, onde pude passar a minha infância na rua e aprender a nadar aos 3 anos na praia.
Hoje em dia os mais cépticos dizem que infâncias dessas já não são possíveis de ter, que "fomos" os últimos numa sociedade ocidentalizada (claro está) a ter o privilégio de o fazer.

Será que tenho motivos para discordar?

Já é o segundo grupo que me bate à porta e diz "doce ou travessura?". Acho brutal que os miudos se juntem em grupos e tenham iniciativas destas, muito embora no meu tempo não houvessem cá halloweens. Não era preciso um pretexto para se vir para a rua. Lembro-me de noites quentes de verão passadas ao pé da igreja, de histórias de terror contadas uns aos outros para nos assustarmos, de travessuras, de corridas, de jogos, de sorissos e alegria. Lembro-me de chegar a casa e abrir a porta pelo postigo, e entrar já tarde e não ter pais preocupados há minha espera.

Há certas coisas que com o passar do tempo se vão perdendo. Uma infância com tanta inocência claramente é uma delas. Mas não só.

É incrível como cada vez que volto às origens, numa média de 2 em 2 meses, vejo a quantidade de betão que ganhou forma. É assustador diria, especialmente porque muito desse betão jaz junto à minha praia.

Em tempos via-me a viver aqui. Hoje já não e infelizmente cada vez menos, pois a poesia da minha terra cada vez se desvanece mais.

Se pensassemos todos mais colectivamente existiria certamente mais poesia por este mundo. O que nos leva a questão:

Será que a "collective action" poderia tornar este mundo mais poético? A Violeta, a Elinor Ostrom e eu dizemos que sim.

e tu?

Quando o Ribas canta...

"Tu conheces-me sabes quem eu sou,
Tu não sabes nada de mim,
Tu conheces-me mas nem sabes porque é que eu sou assim..."

Sei que assisti a um momento que vai deixar muita gente invejosa.

Pois é!!!!... Ontem, na Caixa Económica, o Ribas subiu ao palco várias vezes para cantar Censurados e foi LINDO.
E hoje, cá estou de bracinhos doridos e com uma perda de audição que ronda os 30%, no ouvido direito.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Gostamos de António Lobo Antunes?

" Se abrir a torneira ouvirei o barulho do mar? Em pequeno, na cama, as ondas chegavam até mim, uma após a outra, misturadas com o vento dos pinheiros e o imenso mistério da vida. Escutava-as na certeza de ser feliz e eterno.
Amanhecia e o mar calava-se. Via-o na janela no mesmo sítio, em silêncio, ele que no escuro encostava aos caixilhos para me ver dormir e me seguia com aqueles olhos que o mar tem; (...)

Depois sem te voltares para trás, acenas adeus à medida que te afastas para um jardim de reformados até que a morte te diga
_ já vai sendo tempo filho
E poderás sorrir-lhe, como uma namorada antiga que nunca envelheceu.
Sorri-lhe
(entendes o que eu digo?)
numa mistura de timidez e confiança porque
(entendes mesmo o que eu digo?)
te tornarás feliz e eterno.

António Lobo Antunes

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Esta é para os manos...

Parafraseando a biografia do O'Neill:
"Violeta" descobre junto dos "manos Úria", a família excêntrica que os genes lhe pediam.

A política a mim interessa-me #2

Hoje, estava eu numa das minhas esplanadas habituais quando se sentaram na mesa ao meu lado reputados membros do antigo Governo (pelo menos um faz ainda parte do novo...). Mesmo que não conhecesse as suas caras, ou o seu trabalho, o saco que tinham da Assembleia da República tiraria as dúvidas aos menos atentos.
Como é frequente, olharam para mim mas acharam que a minha cara de menina não colocava impedimentos às suas conversas (sim, é assim que ouço muita coisa, em muitos sítios).

Não vou repetir o que ouvi, mas:
- Ter membros do governo a falar, de forma muito pouco digna, dos problemas que novos membros vão ter por não terem vida social ou capital social fora do seu núcleo duro;
- Ouvir o que se passou e o que se vai passar, em reuniões tidas à porta fechada;
- Ouvir comentários à forma de actuação do Primeiro Ministro e à sua maneira de ser (campo pessoal/privado);
- Aperceber-me do tom indignado (de uma destas pessoas) pela forma como o novo ministro se dirigiu a si tão ilustre pessoa (aqui um comentário pessoal: considero a pessoa em causa altamente incompetente, e com um ego demasiado grande, que não fez um bom trabalho na sua área de competência)

...numa esplanada, gera-me uma grande confusão.

Há poucos dias, na mesma esplanada, ouvi uma outra conversa sobre assuntos camarários, sobre alguns dos novos deputados, sobre problemas e problemas...

Muitas coisas podiam ser ditas mas: onde está o sentido de responsabilidade? de confidencialidade? de respeito?
Que é como quem diz: onde está o sentido de serviço público? de dedicação?

Recuperando uma das minha frases mais antigas: É o mundo em que vivemos (ou a outra versão: está tudo podre)
A descrença continua.

Ontem, Lisboa estava assim...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Gosto de poesia por Lisboa



"Farei que amor a todos avivente,
pintando mil segredos delicados,
brancas iras, suspiros magoados,
temerosa ousadia e pena ausente."

Luís de Camões

domingo, 25 de outubro de 2009

48 - Manter ideais

Há dias fui ver o documentário 48. Um documentário sobre presos políticos do período fascista português. Senti-me pequena. Ser preso durante mais de uma década em alguns casos, ser submetido a tratamentos desumanos e mesmo assim não falar?

Isto faz-me repensar. Repensar.

É bom quando algo te faz pensar assim.
Fossem todos os dias assim.

sábado, 24 de outubro de 2009

Quando o Sami canta

"Choramos os nosso risos, fados muito imprecisos.
Rimo-nos dos nossos
ais, fados pouco casuais. Ou não."

fico, outra vez, a pensar no adjectivo.

Aos amigos

"Amo devagar os amigos que são tristes com 5 dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente dentro do fogo.

Temos um talento doloroso e obscuro.
Construimos um lugar de silêncio. De paixão."

Herberto Helder

Adenda 1: É oficial não consigo parar de citar.
Adenda 2: Esta citação calha bem com a causa efeito de alguns adjectivos.

Um dia de cada vez


Hoje digo-o com toda a propriedade, vacilo a cada hora que passa, mas são só deslizes.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A mim a política interessa-me #1

"O adjectivo? Que horror quando não é incisivo"*

É o meu adjectivo.

*Alexandre O'Neill

Top 3 frases do 2º jantar

1. É um carro assexuado
2. Sem Deus, sem partido e sem carne
3. ou ficas frustrada ou ensopada

A mim a poesia interessa-me #2



"A vida suspensa no estremecer dum abraço"
Al Berto

2º Jantar Público à mesa



coreto+maria+violeta+alfredo+caril tofu com beringela, mel e passas+manteiga pasteurizada+sumol+saxofone+chuva+jardim da estrela+jaquelina estática+porca de murça+ou ficas frustrada ou ensopada+doces arabes+invasão de propriedade imaginária+manifesto inacabado+00.11h fechados no jardim?+autoridade+alergia alfredo+bébé lili+poema trama esquecido+mesmo tema de conversa+poesia ou carne+maria alegre+transporte da mesa+preço da sobremesa+perda da falafel+o que veio a mais na bota+solas camper+pulseira indiana+yeiiiiiiiiiiiiiiii+air ou dioxido de carbono+papel higienico+sol+espelho partido+cama insuflável+"valha a verdade"+Alexandre O'Neill+concertos de borla à sexta+myspace

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A mim a poesia interessa-me


"Viva tu, os teus barulhos, o teu corpo e o teu cheiro..."

terça-feira, 20 de outubro de 2009

The time that remains

Hoje fui ver "The time that remains", pseudo sátira inteligentíssima e sem dramatismos, em relação ao dia a dia dos palestinianos que decidiram ficar em vez de partir como tantos outros o fizeram.

Para mim é tudo muito simples, gosto de factos, gosto de racionalidade. Para mim há valores superiores a qualquer crença ou desígnio, mesmo quando se acredita.

Em tempos conheci um "israelita", que a dada altura me diz que durante o recrutamento militar obrigatório fazia parte do "departamento de bombardeamento" e não ficava feliz por muitas das coisas que tinha feito. Nesse momento gelei, por pensar que podia ter ao meu lado uma pessoa responsável pela morte de alguém. Não me consigo esquecer do sentimento que me invadiu. A minha expressão deve ter revelado de tal modo a confusão de sentimentos que me atordoavam que ele se volta e diz: "mas não matei ninguém".
Não sei se não matou, ou se matou e me disse que não o tinha feito apenas para me tranquilizar e porque o objectivo de toda a sua conversa seria fazer-me compreender o lado judeu. Nunca o saberei.
Sem perceber exactamente a que ele se referia, acabei por lhe perguntar: “Estás arrependido do que fizeste?”, ao que ele responde “Não”.

Sempre gostei de ouvir, mas há coisas que me incomodam demasiado para simplesmente as ouvir serenamente.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

História encantada, mas principalmente imaginada

R.I.P. at Miradouro da Graça
(03.06.09-18.10.09)

Se foi com a Fake Plastic Trees que começou é com esta que acaba...

domingo, 18 de outubro de 2009

Relíquias de Alfama

À frente de um café, uma caixa no chão diz:
"CUIDADO com a porca do 3º andar, está a mandar água"

Relíquias da Madragoa

Velhota nº1: Aiiiiii... já não se diz boa tarde, mal educada
Miúda que ia a passar: (frase censurada)
Velhota nº2: Vai lavar a boca, minha granda porca!!!!
---

Puto nº1: Ele quitou a arma toda, arranjou o suporte para o ombro, cerrou os canos, tudo.
Puto nº2: Espectacular.
Puto nº1: Pah.. dá mesmo para fazer tudo com aquilo
---

Sr. do café: Então a Jaquelina já foi para a China?
Eu: Para a índia, sim sim, já foi
Sr. ao balcão: ai, que a comida deles é tão má.
Eu: (ri-me)
Sr. ao balcão: e não se percebe nada...
Eu: pois, aí é que está o encanto
Sr. ao balcão: abriu agora ali um na Rua de São Bento, ao pé do Espanhol
Eu: Indiano???
Sr. ao balcão: não
Eu: Paquistanês?
Sr. ao balcão: não, não
Sr. do café: Nepalês?
Sr. do balcão: sim, é tudo o mesmo, não sabes o que comes de qualquer forma
Sr. do café: eu sei, sei sempre, a nossa comida é que é boa.
---

Rapariga que deve dinheiro à Jaquelina: ooooooooooohh Bruno, anda para casa se não vou-te às trombas.

Este é o último

Depois da Passos Manuel, viveu perto do Miradouro de Nossa Senhora do Monte, e mais tarde, numa travessa perto da Praça das Flores...
E mais, trabalhou com o Herberto.

Lindo!

Andamos a brincar às coincidências

"Como Noémia também vivia num quarto alugado, resolveram, de forma muito prática e pouco comum naquele tempo, alugar uma casa e viver juntos. O'Neill ia agora, finalmente, ter a sua casa. Instalaram-se na Rua Passos Manuel, numa casinha pequena que pertencia ao tio de João Pulido Valente."

Passos Manuel = meu trabalho.

sábado, 17 de outubro de 2009

Gosto desta rua, sempre gostei.

"Em 1946 zanga-se [O'Neill] com o pai por um motivo fútil, indo viver para casa do tio António Vahia de Castro, na Avenida Visconde Valmor, em Lisboa."

O'Neill viveu na Visconde Valmor assim como eu actualmente vivo.
Novamente o Acaso.

Hoje em 1947

A 17 de Outubro de 1947, O'Neill e Cesariny (entre outros) fundaram o Grupo Surrealista de Lisboa (GSL), num café em Lisboa.

Keep Walking




Dark days

A angústia provocada pelo impasse em que vivemos sem conseguir ver o caminho, faz com que a ambição esmoreça. A tal ponto que deixa ser uma questão somente de regá-la, sendo mesmo prioritário descobrir se a semente ainda lá está...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Da série: o que me disseste

"Se não regares a ambição ela também não cresce, é como as rosas só depende de nós traduzirmos a analogia da nossa vida e transferi-la metaforicamente para elas e para o seu ciclo de desabrochamento".

Hoje...

a Primavera vai chegar.

Adenda: Eu e a Maria vamos ver a Primavera chegar a custo 0, via radar.
Adenda 2: Este é o post 100.

Encontros perfeitos Huletts II

"You may never know what results come from your action.
But if you do nothing there will be no result.

Always bear in mind that your own resolution to succeed is more important than any other one thing"

Vamos a isso?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Iniciação das jovens Macuas - Para a Violeta

Por falar em ser menina e necessariamente deixar de o ser, e porque me passou pelas mãos nos últimos dias um livro sobre a população Macua de Moçambique, aqui fica o ritual que eles utilizam para uma menina deixar de ser menina (implicando isso o que tiver que implicar).

"Acaba a apresentação pública, cada família reúne-se para participar numa refeição comunitária. (...) À noite, organizam-se as danças finais, que duram até às primeiras horas da madrugada do dia seguinte.

O grupo de instrutoras de iniciação cantam como despedida:

Namwali wego
Nsilo rhwali mutthu
Ari munenema ayepele
Nanano,
Ovolowa munloko n'atthu
Namwali,
Nsilo knwali mutthu,
Ri nluku.

Ou seja,

Tu, menina,
Ontem não eras pessoa,
Mas somente o pequeno animal de uma partiniente.
Agora,
Começaste a fazer parte do povo.
Menina,
Ontem não eras uma pessoa,
Eras uma pedra."

Gosto do tom amarelo



Update: o título do post deveria ter sido "a vida é bela e amarela"

Apaixonada pelo Xana

Sobre ele disseram: "Preso a Lisboa, atascado na rotina Chiadesca" (Biografia literária de Alexandre O'Neill).
Eu digo: "Preso a Lisboa, atascado na intensidade Chiadesca" (Violeta Úria, divagações para o ar).






Diz ele:
"Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal"

(Adeus Português, Alexandre O'Neill)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

360 graus

E de repente a rotina espacial precedente volta-se a instalar e o prematuramente distante torna-se novamente familiar.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Piadinha do Sr. Presidente

- Então a Coreia? Curaste-a?
- Curei-a.

domingo, 11 de outubro de 2009

"Be careful... this one is a little fast" LK

Respect is earned through dedication
Work in progress never stops.

(No Apologies, SOIA)

Neura III

"Dói-me o coração e Alfama"

FP 2.0

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Diferença de existências

"Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada. Pelos caminhos só as hienas se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras. A paissagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam à boca. Eram cores sujas que tinham perdido toda a leveza, esquecidas da ousadia de levantar asas pelo azul.
Aqui o céu se tornára impossível. E os viventes se acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte."

Mia Couto, Terra Sonâmbula.

"Como temos sorte de ter nascido onde nascemos, somos uns privilegiados", digo isto contantemente, e excertos como estes confirmam-o.

Ontem escrevi esta passagem no meu notebook. Hoje vi o Mia Couto.
O Acaso.

Epifania do dia

Que se lixe a rotina: o que quero é um esquizofrénico e uma galdéria.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

70% do tempo

a pensar no mesmo!!!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Best of Alfredo ou Alberto Úria

Duas palavras: BRU-TAL!!!!!

Agora que a chuva chegou...

a despedida ao céu limpo, como o vimos no Sábado.


(Igreja de São Vicente)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Hoje

Hoje fiquei a saber que vou ser "tia" pela segunda vez.
Hoje pude constactar que o meu instinto maternal continua incubado.
Hoje voltei a me questionar no porquê de me enganar constantemente com a minha idade, ou seja, pensar sempre que sou um ano mais nova (a última vez foi na semana passada).
Hoje continuo a ver-me e até sentir-me como uma "menina", uma menina das que a Violeta tanto fala

Será tudo isto sinónimo ou sintoma de algo?

Hoje acordei menos coxa...

Eu tenho Anibalfobia , horror a quem só me explora
Faço uma festa no dia em que tu te fores embora
Estou farto de tanta mentira , tu a mim não me enganarás
Vai dá-las à maioria que te meteu onde estás

Aníbal não gosto de ti.
Miséria no Cavaquistão!

(Pé de Cabra, Aníbal)
http://www.myspace.com/pedecabrarock

Mercedes Sosa (1935-2009)

sábado, 3 de outubro de 2009

"Dá-lhe João"

É bom falar de coisas de que não falava há uns meses.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Poodlezinho...



A little poodle among bigger poodles!
Vais ser perfeita... lalalalala lala.
Stunningly shining: viva o poodlezinho...

(actualizado)