sexta-feira, 26 de março de 2010


Toshihiro Oshima

"Quem és tu que danças desclaço na noite escura?
Porque é que te deleitas com o cheiro e o sabor do sangue, dos corpos esventrados e inertes?
Porque é que cantas sobre o silêncio tumular dos cemitérios que criaste?
Ouves os gemidos que o vento traz? No sussuro das árvores, na fonte onde corre um fiode água, no lago onde a Lua se reflecte, ecoam gritos distantes...
Ouves?

Caminhas sobre fogo. Incendeias as searas. Deitas-te no chão com um sorriso de criança, embalada pelo crepitar das pantas que ardem.
Olhas para o céu com um olhar vazio e perguntas porquê vezes sem conta, até caires em exaustão.
Cruzas-te com rostos. Pairas sobre o mundo. Feres com a tua espada.
Nunca paras. Nunca te deténs. Nunca olhas para trás, só vês em frente um caminho interminável.

Quem és tu que, no crepúsculo de chumbo baço, uiva de dor?"

P.

Sem comentários:

Enviar um comentário